Abstract

A partir do estudo do compadrio em quatro paróquias rurais na Bahia, entre 1613 e 1700, são examinadas as especificidades do período de consolidação da escravidão na principal capitania açucareira do Estado do Brasil. Por meio de uma análise quantitativa, demonstra-se a reduzida relevância demográfica dos forros, o prestígio de pardos e mulatos dentro do próprio cativeiro e a raridade do matrimônio oficializado pela Igreja Católica, em comparação com outras regiões e períodos. Por outro lado, também são realizados estudos de caso, de modo a atentar para o envolvimento - direto ou indireto - das elites no compadrio com os cativos: tais momentos podiam servir, por exemplo, para ampliar a rede de relações dos maiores potentados com livres subalternos - que, por sua vez, buscavam ascender socialmente.

Highlights

  • Mesmo considerando a imprecisão desse índice, o fato de que a população cativa masculina devia ser maior do que a feminina indica a significativa predominância demográfica dos escravos, provavelmente em níveis similares ou maiores que os do censo de 1724

  • Já em Jaguaripe, a proporção quase se inverte, pois apenas 35 mães (26% do total com origem registrada) aparecem como “do gentio da Guiné” ou “Angola”, enquanto 97 (74%) são crioulas ou mulatas — o que provavelmente significava uma menor predominância masculina entre os cativos, potencializando a formação de laços familiares estáveis, como veremos a seguir

  • This article looks into the peculiarities of slavery during the period of its consolidation in the main sugar producing area of Portuguese Brazil, by examining godparenthood practices and patterns in four rural parishes in Bahia from 1613 to 1700

Read more

Summary

Thiago Krause**

O estudo da escravidão africana no Brasil recebeu um grande impulso, e novas temáticas, fontes e abordagens se multiplicaram. Por volta da terceira década do século XVII, a fase inicial de ocupação do território, com montagem da economia açucareira, transição para a mão de obra escrava africana e formação da primeira elite baiana, já havia sido completada, constituindo-se um grupo dominante com práticas políticas próprias e uma base econômica e social estabelecida.[2]. O comércio que passava pelo porto de Salvador também cresceu ao longo do século XVII, e não só com Lisboa, para onde foram exportadas mais de 7.500 toneladas açúcar em inícios do Setecentos. Mesmo na complicada conjuntura das guerras neerlandesas, entre 1625 e 1650, foram desembarcados mais de 80.000 escravos africanos na capitania, enquanto, no último quartel do século, o tráfico trouxe para as costas baianas mais de 117.000 almas.[3] O comércio com a Ásia também cresceu, especialmente a partir de finais do Seiscentos, com a ampliação da importância da Bahia como consumidora e distribuidora dos tecidos indianos.[4] Salvador

Mães livres
Jaguaripe Jaguaripe Santo Amaro
Findings
Pais Padrinhos Madrinhas Senhores
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.