Abstract

É bastante conhecida a atitude de Carlos de Oliveira em relação à sua prosa e ao seu verso, cujas contínuas revisões assinalaram uma significativa mudança na ideia de representação que sustenta essas obras e, ao mesmo tempo – sem que nisso haja contradição – a persistência duma certa ideia de representação que sustenta essas obras. Isto é, se a pouco e pouco o escritor abandonou a crença na homologia entre realidade empírica e representação, crença essa de que se nutriu o Neorrealismo mais ortodoxo, nunca deixou de plasmar em suas obras o pressuposto de que “Na poesia [por “poesia”, leio, mais amplamente, toda a literatura, incluindo-se a narrativa] / natureza variável / das palavras, / nada se perde / ou cria, / tudo se transforma” (Oliveira 2003: 201). Essa particular manifestação da dialética entre transformação e persistência constitui, a meu ver, um dos alicerces centrais sobre os quais repousa sua ficção narrativa. Para perseguir esse argumento, acerco-me do breve ensaio “O grão de areia”, presente na coletânea O Aprendiz de Feiticeiro, ensaio que foi publicado inicialmente na Seara Nova, na década de 40, sob o título “A sombra de Jeeter Lester” e é significativamente alterado na reescrita que sai na mesma coleção em 1971.

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