Abstract

O fim do século XIX assistiu a uma modificação na discursividade sobre o espaço sertanejo no circuito da literatura brasileira. Mudanças de cunho político e estético influíram sobre esse processo, mas o episódio trágico da seca de 1877-1880 foi determinante para transformar a forma pela qual o resto do Brasil encarava o sertão e, por conseguinte, a região Nordeste. Foi sobretudo a partir da tematização desse evento que as obras literárias ambientadas no sertão nordestino passaram a representar esse recorte espacial sob uma ótica estritamente negativa, tendência que se afirmaria como a hegemônica na concepção de discursos sobre esse espaço para além do meio literário. As obras Os Retirantes (1879) e Ataliba, o Vaqueiro (1878) foram duas das primeiras representantes dessa que seria considerada a “Literatura das Secas”, tendo sido associadas por Franklin Távora ao que ele propunha ser um “Naturalismo sertanejo”, uma espécie de literatura de transição entre o Romantismo e o Naturalismo “puro” associada a elementos regionais. O entendimento desse rótulo e o cotejo entre os dois textos oferece uma vereda fértil para o entendimento do processo histórico da construção discursiva do sertão pela literatura.

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