Abstract

Pensar e compreender o discurso pedagógico no processo histórico e político mais amplo da escolarização do português no Brasil, em diferentes conjunturas, em que uma memória histórica estruturada pela escravidão continua funcionando, tem sido nosso objeto de estudo. Neste artigo, visamos analisar duas noções – “texto” e “linguagens”-, introduzidas nos anos 1960/1970 nas práticas escolares, através de políticas públicas e de sua didatização, sob a ideologia da comunicação, marcadas pela dominância do tecnicismo, do pragmatismo e do funcionalismo, sustentados, por sua vez, pelo empiricismo, pelo positivismo, na instrumentalização da(s) língua(s) do Brasil, pressupostos em certas teorias. Objetivamos, neste percurso, fazer uma leitura discursiva, da perspectiva materialista, das formas de subjetivação em seus desdobramentos, que indique caminhos a serem explorados se queremos construir a sempre adiada escola republicana de qualidade como direito de todos os brasileiros em que o ensino do português como língua nacional não silencie a diversidade individual e coletiva.

Highlights

  • Observamos que o texto escolar e as diferentes linguagens, aí estando incluída a língua como mais um código e, sua instrumentação, funcionou, e funciona, como estruturantes de uma educação pragmática e tecnicista, via uma aliança entre o sociologismo, o logicismo e o funcionalismo, silenciando a língua em sua relação do simbólico com o político, produzindo como efeitos novos processos de significação, novas formas de assujeitamento: professor e alunos adequados ao mercado, ajustados ao consumismo, fragilizados em sua autonomia intelectual e cultural

  • A relação não é mais direta entre o autor e o leitor, mas implica na integração de uma terceira posição sujeito que se pretende mediadora entre o autor e o leitor em termos de movimento dos sentidos, mobilizando gestos de interpretação considerados adequados, corretos, envolvendo outras formações discursivas, o que pode e deve ser dito a partir de determinada posição: a do autor do livro, da editora, do Ministério da Educação através das políticas do livro didático que, a partir da redemocratização, incorporaram especialistas da comunidade acadêmica na proposição de normas para a produção e a avaliação do material produzido

  • O ritual se quebra no trabalho anônimo, não midiático de inúmeros professores desse imenso e diverso país em sua prática cotidiana e dos alunos sobre os quais dizem “não entender nada do que leem, de serem incapazes de interpretar mesmo um texto simples”; quebra-se na voz, na palavra, no gesto de jovens das periferias dos grandes centros e de pequenas cidades que sabem desenvolver a contradição da unidade e diversidade linguísticas como força em sua luta diária através da música, do teatro, da poesia, da ficção, das feiras culturais, de cursos de escrita, de filosofia, da arte de rua

Read more

Summary

Introduction

Observamos que o texto escolar e as diferentes linguagens, aí estando incluída a língua como mais um código e, sua instrumentação, funcionou, e funciona, como estruturantes de uma educação pragmática e tecnicista, via uma aliança entre o sociologismo, o logicismo e o funcionalismo, silenciando a língua em sua relação do simbólico com o político, produzindo como efeitos novos processos de significação, novas formas de assujeitamento: professor e alunos adequados ao mercado, ajustados ao consumismo, fragilizados em sua autonomia intelectual e cultural.

Objectives
Results
Conclusion
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.