Abstract

Este artigo tem por objeto o estudo do lugar da religião nas sociedades de mercado. Para isso coloca em questão o conceito de religião como a expressão de fé em entes transcendentes ou sobrenaturais, porque ele se aplica bem a religiões deístas como o cristianismo, mas deixa em segundo plano o fundamento mesmo do fenômeno religioso: a sacralidade. Recuperando a teoria de Durkheim, este artigo parte da hipótese de que a sacralidade é fundamental também nas sociedades de mercado. Abandonando o conceito de religião derivado da fé, propõe uma explicação sociológica da religião nas contemporâneas sociedades de mercado por sua sacralidade. A argumentação é organizada em cinco passos: (1) o “crepúsculo dos grandes deuses” nas sociedades de mercado, (2) a crítica ao conceito de religião relacionada a fé, (3) o resgate da contribuição de Durkheim para o estudo da religião como fato social (4) o fetichismo da mercadoria como base da sacralidade do mercado (5) o lugar das atuais religiões nas sociedades de mercado.

Highlights

  • This paper aims to study the peculiar religious form of contemporary market societies, which Marx has called “commodity fetishism”

  • Para quem o sagrado está onde os fundamentos do consenso social são revestidos de interditos (DURKHEIM, 1960b), nossa argumentação quer demonstrar que a sacralidade não desaparece nas sociedades de mercado, mas nelas assume uma forma inteiramente nova, que cabe às ciências da religião desvelar

  • Adotado por pequenos grupos político-religiosos que proclamam “o outro mundo possível” ou o Bem-viver (Sumak Kawsay) dentro dos parâmetros religiosos cristãos, ele pode ser visto como um movimento profético, anunciador de utopias que substituam o mercado na função de estruturar uma civilização de âmbito planetário

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Summary

O “crepúsculo dos grandes deuses” nas sociedades de mercado

Não há dúvidas de que a religião sofreu forte perda de poder político nas sociedades contemporâneas. Multiplicam-se e crescem religiões nas quais onde predominam pequenos deuses com pequenos poderes, enquanto as antigas religiões voltadas para deuses criadores, ordenadores e todo-poderosos – com a notável exceção do Islã – perdem tanto em número de adeptos quanto em influência na determinação da ordem política e social. É interessante observar que até mesmo nas grandes religiões se pode observar esse apequenamento das divindades, como para garantir um lugar ao sol nesse mundo reencantado. Este é talvez o traço mais característico do atual panorama religioso mundial: ao perder o antigo poder de reger a sociedade (isto é, definir o bem e o mal; o possível e o impossível; o verdadeiro e o falso; o natural e o sobrenatural), a religião vai sendo gradualmente confinada à esfera privada, onde continua a manter a função social de conferir sentido mas agora somente às biografias individuais e à vida familiar.

Crítica à concepção de religião relacionada à fé
A contribuição de Durkheim para o estudo da religião como fato social
O fetichismo da mercadoria: a sacralidade do mercado

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