Abstract

A área de fronteira São Borja-Brasil/Santo Tomé-Argentina possui, desde o período reducional (século XVI), uma relação marcada por processos de câmbios culturais, sociais, e econômicos. Essa fronteira possui como limite o rio Uruguai, corpo d’água que foi de grande importância para as comunicações culturais, comércio da erva-mate, acesso na Guerra do Paraguai, e para as práticas ribeirinhas na atualidade. No ano de 1997, foi construída, na fronteira, a ponte da Integração. Até então, o translado era via balsa. A trajetória histórica regional permitiu que fossem constituídas diversas práticas sociais, elementos culturais e identidades fronteiriças. O estudo proposto centrou-se em analisar as relações socioculturais da fronteira, voltando-se para a interpretação das articulações políticas durante o período de construção da ponte da Integração, das representações sociais e das identidades socioterritoriais. Para tanto, realizou-se análise de conteúdo jornalístico, da historiografia regional e das práticas socioculturais da porção brasileira da região fronteiriça em estudo. O artigo instiga pensar a fronteira como uma região porosa e seletiva, que se caracteriza por uma identidade fronteiriça marcada por câmbios culturais missioneiros, gaúchos e ribeirinhos.

Highlights

  • The border area São Borja-Brazil / Santo Tomé-Argentina has since period reductional, a relationship marked by processes of cultural exchange, social, and economic

  • A primeira ponte a ser construída na região fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul foi a ponte entre Uruguaiana-Libres

  • A partir dessa reflexão teórica sobre a questão regional, propõem-se pensar a fronteira São Borja-Brasil/Santo Tomé-Argentina, a partir de uma análise regional, onde buscou-se pensar as questões socioculturais, históricas, e políticas fronteiriças através de uma interpretação territorial que valorizasse a fronteira enquanto região

Read more

Summary

CONCEITOS SOBRE FRONTEIRAS E IDENTIDADES TERRITORIAIS

As cidades fronteiriças são os núcleos mais densos das fronteiras, constituindo redes de interação amplas e complexas. Segundo Grimson (2005), esses atores estão constantemente inseridos em lógicas locais de disputas e articulações, onde os agentes fronteiriços possuem interesses, práticas e discursos contrastantes e não homogêneos aos Estados, o que expõem disputas por características e sentidos da fronteira. Para Grimson (2005), as fronteiras políticas constituem um terreno produtivo para pensar as relações de poder no plano sociocultural, visto que os interesses e identificações dos atores locais encontram diversas articulações e conflitos com os planos e a penetração do Estado nacional. Uma consequência perceptível com o controle da circulação é a anulação da história e das tradições locais (Grimson, 2007), visto que a construção de pontes expõe a representação de uma divisão territorial, que acaba ignorando as relações sociais, culturais e históricas entre as cidades fronteiriças. Esse processo de controle da circulação é descrito por Grimson (2005) como uma nova divisão, que causa novos rancores e disputas na fronteira

Questão regional
ANÁLISE DO CONTEÚDO DO JORNAL FOLHA DE SÃO BORJA
Análise temática
Análise contextual
Interpretação do material
Representações sociais e identidades socioterritoriais fronteiriças
Identidades socioterritoriais fronteiriças
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call