Abstract

Objetiva-se analisar a política de contratação de professores temporários na rede municipal de ensino de Cametá durante as duas últimas gestões municipais (2013–2020). O foco central da pesquisa é a investigação das interfaces entre disputa pelo poder político local (municipal) e a gestão educacional. Trata-se de um estudo de caso em abordagem qualitativa, tendo como procedimentos de coleta de dados análise documental, entrevistas, observação participante e aplicação de questionário fechado (survey). Nosso referencial teórico pautou-se em pressupostos da antropologia da política, tendo o conceito clientelismo como categoria analítica central, bem como ancorou-se em literatura que privilegia estudos realizados a partir do município. Os resultados indicam que a prática de contratação de professores temporários em Cametá incide majoritariamente em escolas da zona rural, sendo pautada em relações de natureza clientelista envolvendo diversos atores, sobretudo vereadores, professores temporários e diretores de escola. Ademais, observou-se a precarização do trabalho docente dos temporários, com atrasos salariais recorrenetes e meses trabalhados sem receber, sendo a atuação do ministério público insuficiente diante de um cenário de inobservância do arcabouço legal que regula o magistério.

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