Abstract

Este artigo discute a dimensão da memória nos processos de criação cinematográficos através dos making ofs documentários, compreendendo-os enquanto índices de pensamento teórico e criativo, cujos vestígios temporais reverberam e disseminam sentidos de uma memória do (e para o) cinema, ultrapassando o texto fílmico ao qual se refere. Admitimos o making of como processo e obra, donde a memória desponta enquanto um ato teórico no ambiente de criação cinematográfica possível de desvelamento. O percurso teórico-metodológico revela uma breve explanação acerca dos conceitos de memória e dialética do olhar para, num segundo momento, conjugar determinados aspectos com as noções de imagem crítica e dupla distância, a partir de Didi-Huberman (2010). A reflexão sobre os agenciamentos da memória audiovisual nos making ofs documentários se dá através do seguinte corpus: Burden of Dreams (de 1982, direção de Les Blank) e The Hamster Factor and Other Tales of Twelve Monkeys (de 1996, direção de Keith Fulton e Louis Peppe).

Highlights

  • Os cineastas realizadores dos making of documentáriosA fronteira documental se articula entre o ficcional e o processo de produção desse ficcional, instaurando, portanto, um espaço de crença e de consistência nesse processo, uma vez que o espectador é ciente dos efeitos (e do aspecto ficcional) empregados no filme

  • O objeto da pesquisa, os making of documentários (MDocs), enquanto produtos extrafílmicos presentes nos DVD/BD colecionáveis, permite explorar diversas questões do cinema e do audiovisual

  • Ressalto a necessidade de levar em consideração as circunstâncias do contexto produtivo sobre o projeto criador dos cineastas realizadores dos making of – o que engloba habilidades adquiridas, tomada de decisões, caminhos trilhados e, por fim, sobre a constituição dos arranjos peculiares

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Summary

Os cineastas realizadores dos making of documentários

A fronteira documental se articula entre o ficcional e o processo de produção desse ficcional, instaurando, portanto, um espaço de crença e de consistência nesse processo, uma vez que o espectador é ciente dos efeitos (e do aspecto ficcional) empregados no filme. O caso do making of documentário The Hamster Factor é bastante peculiar, pois foi o trabalho que impulsionou a carreira da dupla de cineastas diretores Keith Fulton e Louis Pepe. Em 1994, ele se envolveu na restauração do filme 1941, de Steven Spielberg, para laserdisc, tendo desenvolvido roteiro, direção e produção do seu primeiro making of documentário. O website da empresa compila informações que dão conta, além de dados biográficos, dos projetos desenvolvidos por Bouzereau ao longo de sua carreira Tendo como ponto de partida essa diferença crucial de tomada de posição no interior do campo, pretendo demonstrar, ao longo do artigo, que as circunstâncias e a trajetória de cada diretor de making of influenciam o modo de olhar o outro (o filme ficcional e seu diretor auteur), construindo, assim, diferentes atos teóricos de memória

A dialética do olhar e a dupla distância nos MDocs
As variações nos atos teóricos: entre a lembrança e a forma viva da memória
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