Abstract

O objetivo de nossas considerações é investigar os aspectos de Eu (1912), de Augusto dos Anjos e Urupês (1918), de Monteiro Lobato que atestam uma cosmovisão sensível ao monstruoso e que se coloca em posição crítica diante dos modelos estéticos e ideológicos da Belle Époque brasileira. Publicados na década de 1910, época de modernização do país sob ideais de progressismo, eugenia e civilidade burguesa, Eu (livro de poesias) e Urupês (coletânea de contos) debruçam-se sobre aspectos evitados pela literatura oficial daqueles tempos, tais como as contradições sociais do país, as marcas de barbárie que se imprimem na história e lado sórdido da condição humana. Tais temas ganham, nas obras, forma literária a partir de uma linguagem franca e, eventualmente, brutal que recorre ao grotesco e à na ironia para realizar uma estética de choque cuja máxima realização é o motivo do monstro. O corpo monstruoso em Eu e em Urupês (em particular no conto “Bocatorta”) converte-se em privilegiada alegoria da história, expressando a orientação crítica das duas obras em relação ao contraditório processo de modernização do país.

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