Abstract

Neste artigo, refletimos sobre algumas questões relacionadas à figura da Ninfa, tal como pensada pelo historiador da arte alemão Aby Warburg, tomando como ponto de partida a sua complexidade enquanto imagem de natureza dialética que insiste em aparecer, como um sintoma que resiste e sobrevive, chegando até a modernidade e o contemporâneo, sendo capaz de ainda provocar fascínio e perturbação, de continuamente gerar novos sentidos e significados. A partir de uma reflexão sobre a imagem da Ninfa na modernidade, buscamos pensar as aparições dessa figura feminina em movimento no poema “The Waste Land”, de T.S. Eliot.

Highlights

  • In this article, we reflect on some issues related to the figure of the Nymph, as thought by the German art historian Aby Warburg, taking as starting point her complexity as a dialectical image that insists on appearing as a symptom that resists and survives, reaching up to modernity and the contemporary, being able to still provoke fascination and disturbance, to continuously generates new senses and meanings

  • Reunidas nessa e em outras Pranchas do Atlas, a Ninfa surge como uma delicada serva florentina carregando frutos, um anjo protetor, como as impassíveis figuras femininas de Botticelli, com as vestes e os cabelos desenrolados perfeitamente no ar, ou ainda como uma Salomé dançante e mortífera, que leva sobre a sua a cabeça degolada de João Batista, ou como uma mênade enfurecida que despedaça com os dentes cabritos vivos

  • Atentas aos restos e vestígios da Ninfa, à estranha força dessas coisas que ficam, ao seu gesto atormentado tão antigo e tão novo, as imagens complexas de Eliot parecem ser os fragmentos contra os quais ele escorou suas ruínas, a forma encontrada pelo poeta de criar uma experiência onde a experiência não era mais possível, de viver à sombra de um enterro de mortos

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Summary

Nymphé

Onde está a Ninfa? A Prancha 46 do Atlas Mnemosyne, do historiador da arte alemão Aby Warburg, traz 26 fotografias nas quais se pode ver uma figura feminina em movimento que, em diferentes épocas e contextos, se destaca pela atmosfera criada ao seu redor, conferindo movimento e intensidade a todo o restante da representação. A vida das imagens dialéticas não estaria assim na simples imobilidade, nem na simples retomada de movimento, mas no lugar da pausa carregada de tensão entre elas, em uma “dialética na imobilidade”, como escreveu Walter Benjamin nas Passagens. Seja pela complexa relação temporal que atravessa a imagem da Ninfa – ao mesmo tempo uma escrava libertada e uma deusa pagã no exílio, como escreveu Warburg, ou seja, ao mesmo tempo uma figura ligada aos costumes da época na qual ela irrompe e às formas da antiguidade que nela novamente afloram e se deixam reconhecer – seja pela ambiguidade que a define, fazendo com que essa imagem seja, a um só tempo, vida e morte, delicadeza e violência, aparição e desaparição, forma e pathos, serenidade e desejo, ela se mostra como uma imagem dialética, tensionada, instável, fugitiva e aberta

A queda da Ninfa na modernidade
A Ninfa na terra devastada de Eliot

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