Abstract

O artigo analisa a deserção e os gestos de desobediência à guerra colonial feitos no âmbito das Forças Armadas Portuguesas entre 1961 e 1974. Pretende-se efetuar um mapeamento sobre a produção historiográfica, testemunhal e audiovisual produzida até ao momento sobre o tema, mostrando de que forma ela foi modelando a memória da deserção e a sua integração mais vasta no quadro da memorialização da guerra. Examina-se, de seguida, o discurso testemunhal produzido antes e depois do 25 de abril sobre o tema, pondo em evidência os seus contextos de produção, a sua função e as suas particularidades. Neste quadro, argumenta-se que a memória da deserção fornece um padrão mnemónico alternativo, com base na denúncia da violência e da injustiça da guerra.

Highlights

  • The article analyzes the desertion and more generally the disobedience to the colonial war made within Portuguese Armed Forces between 1961 and 1974

  • Em todos eles surge a busca de um quadro justificativo da experiência de desafetação à guerra que é marcada por uma disputa acerca da natureza moral do gesto – corajoso ou cobarde, patriótico ou antipatriótico – produzindo uma deslocação dos marcadores simbólicos que, como acentuam Grinchenko e Narvselius no seu estudo sobre as «fórmulas de traição», redefinem as fronteiras entre um «nós» e o campo do «inimigo» e reconfiguram os sentidos de pertença coletiva (2018: 14-15)

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Summary

Introduction

The article analyzes the desertion and more generally the disobedience to the colonial war made within Portuguese Armed Forces between 1961 and 1974. O próprio Cancioneiro do Niassa – temas conhecidos com letras adaptadas e críticas, que dessa forma circularam entre os soldados portugueses em combate – continha o Fado do Desertor, no qual se relatava o estranhamento com a guerra, o autoritarismo militar e a fuga do quartel para constituir família com uma mulher negra(7), aludindo-se deste modo, em registo romantizado, a um dos tópicos recorrentes da relação colonial (veja-se, por exemplo, Young 1995; Gomes 2018).

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