Abstract

Atualmente as dinâmicas alimentares situam-se em polos aparentemente opostos: por um lado, estribam-se no plano da inovação (novos alimentos criados com recurso à tecnologia) e, por outro, no plano da conservação (tradição, património…). Esta realidade é atestada linguisticamente pela emergência de vários termos criados para designar os alimentos de forma mais ou menos técnica e precisa ou menos conceptual e imprecisa, além da polissemia que já acarretam. No presente artigo é justamente dos termos polissémicos que nos ocuparemos, escolhendo da longa lista disponível – pela sua recorrência e valor semântico – as expressões tradicional (patrimonial, com o sentido “de sempre”, “de verdade”, “de antigamente”, “do tempo da avó” …) e de proximidade (local, “daqui”, “autóctone”, “da terra”, “do quilómetro 0”, “nosso”, “do povo” …). Apesar da ambiguidade e imprecisão terminológica que encerram, aos ditos produtos “tradicionais”, “locais” e “de proximidade” são atribuídos apenas aspetos positivos. Tal predicação deve ser considerada como reflexo de uma vontade de fazer frente à globalização e homogeneização consideradas excessivas, na medida em que a produção intensiva instaurou uma ruptura fundamental das relações dos seres humanos com o meio, potenciando ameaças que comprometem a sustentabilidade do planeta.

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