Abstract

O presente artigo tem como objetivo analisar a construção discursiva do corpo feminino na representação literária de donzela-guerreira, e como esse corrobora para a desnaturalização do sexo e para a ruptura dos padrões de gênero. Dessa maneira, observamos a presença da donzela na tradição ocidental, passando pela literatura brasileira até sua aparição nos romances Luzia-Homem (1903), de Domingos Olímpio; Dona Guidinha do Poço (1965), de Manuel Paiva, Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa e Memorial de Maria Moura, de 1992, de Raquel de Queiroz. A donzela-guerreira integra a literatura, as civilizações, as culturas, a história e a mitologia. Desse modo, a representação dessa mulher marca o imaginário de diversificadas culturas e possibilita repensamos os papéis da mulher em distintos momentos históricos. Buscamos compreender o corpo da donzela como elemento performativo para a construção de uma identidade feminina que dialoga com o masculino, assimilando seu discurso hegemônico para burlá-lo. A compreensão de performatividade aqui adotada é trazida por Butler (2008). Assim, as contribuições da autora são pertinentes, já que considera que o masculino e feminino não são categorias possuídas de antemão, mas efeitos que produzimos por meio da realização de ações específicas.

Highlights

  • This article aims to analyze the discursive construction of the female body in the literary representation of warrior-maiden, and how this confirms the denaturalization of sex and the disruption of gender patterns

  • O discurso sobre a sexualidade se torna eficaz por meio da produção, que estabelece uma série de concepções sobre os limites de atuação do corpo “O dispositivo da sexualidade tem, como razão de ser, não o reproduzir, mas o proliferar, inovar, anexar, inventar, penetrar nos corpos de maneira cada vez mais detalhada e controlar as populações de modo cada vez mais global” (FOUCAULT, 1993, p.101)

  • Syomara Deslandes Tindera, Brasília, v. 81, n. 199, p. 425-451, 2000

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Summary

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo analisar a construção discursiva do corpo feminino na representação literária de donzela-guerreira, e como esse corrobora para a desnaturalização do sexo e para a ruptura dos padrões de gênero. A partir das representações femininas presentes nas narrativas citadas, analisaremos como funcionam os elementos recorrentes para a composição do corpo da donzela-guerreira. Buscamos compreender o corpo da donzela como elemento performativo para a construção de uma identidade feminina que dialoga com o masculino, assimilando seu discurso hegemônico para burlá-lo. Pensar a donzela-guerreira nos estudos de gênero é indagar o espaço público e privado ocupado pelas mulheres já que ela se dedica ao âmbito da guerra de predominância masculina, assumindo o discurso do sexo naturalizado sobre o seu corpo. A representação dessa figura feminina está atrelada ao discurso patriarcal, no qual predomina a perspectiva androcêntrica

A DONZELA-GUERREIRA
AS REPRESENTAÇÕES DE DONZELA-GUERREIRA NO LITERÁRIO
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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