Abstract

O objetivo deste trabalho é, primeiramente, entender a lógica que preside aos mecanismos da polêmica que atuam nos discursos apologéticos cristãos, e, em seguida, tendo-a compreendido, apontar as estratégias retóricas com que o polemista constrói e valida um ethos de cristão verdadeiro e de “advogado da Verdade” para si, ao mesmo tempo em que fabrica a imagem do “inimigo”, o herege, o “falso mestre” para seu adversário. Para isso, comentaremos as técnicas de apropriação de auctoritas praticadas pelo autor ao tratar de si mesmo, e, ao mesmo tempo, os aspectos satíricos da constituição de caricaturas do “outro”, quando se visa não apenas à derrisão, mas à exclusão de um adversário. E nós o faremos por meio de um livro “herético”, em que o autor, perseguido ele mesmo, reproduz, no entanto, o mesmo processo empregado por aqueles que buscavam instituir uma religião por assim dizer oficial, ou falavam autorizados por ela. Nosso corpus é o livro “herético” Christianismi Restitutio, de autoria de Miguel Serveto, publicado em 1553.

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