RESUMOObjetivos.Descrever a atenção básica em saúde prestada às mulheres no Haiti e avaliar a equidade da atenção.Métodos.Neste estudo transversal, 114 mulheres atendidas na atenção básica nos 10 departamentos de saúde do país foram entrevistadas. Para analisar a equidade, foram utilizados dois grupos de indicadores: acesso (tempo de caminhada para chegar aos serviços, tempo de espera na fila de consultas e necessidade de pagamento) e qualidade (conhecer o nome do prestador de serviços, tempo de consulta e discriminação). Pagamento e preconceito foram escolhidos como desfechos respectivamente para acesso e qualidade da atenção.Resultados.A maioria das mulheres tinha menos de 30 anos (59,0%), era negra (92,1%) e migrante (63,2%); apenas 21,3% souberam informar a renda familiar e 47,4% eram alfabetizadas. A maioria das consultas foi realizada em menos de 10 minutos (68,3%). O nome do profissional que prestou o serviço não era conhecido por 72,7% das mulheres. As consultas foram pagas por 63,4%, especialmente na região Sul (P = 0,016). Ainda, as mulheres no Sul levaram mais tempo para chegar aos serviços. Aquelas que não pagaram tiveram consultas com menor duração (P < 0,001). A discriminação nos serviços de saúde foi detectada em 28,9% das entrevistadas.Conclusões.Esta pesquisa mostrou dificuldades no acesso e discriminação na atenção primária em saúde prestada a mulheres no Haiti e indica o gênero como uma categoria de análise importante para avaliar a equidade nos serviços de saúde.