<!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> doi: 10.5216/ree.v12i4.12470Por estarmos em plena era tecnológica, as concepções de tecnologia tem sido usadas, às vezes, de forma equivocada, pois tem sido compreendida apenas na perspectiva de um produto, com materialidade e, também, resumida a procedimentos técnicos de operação. A nosso ver, há que se alargar tal concepção. A tecnologia pode ser entendida como o resultado de processos concretizados a partir da experiência cotidiana e da pesquisa, para o desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para a construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de provocar intervenções sobre uma determinada situação prática. Todo esse processo deve ser avaliado e controlado sistematicamente(1). As tecnologias podem ser de vários tipos, como as Tecnologias Educacionais (dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender, utilizadas entre educadores e educandos, nos vários processos de educação formal-acadêmica, formal-continuada); as Tecnologias Assistenciais (dispositivos para a mediação de processos de cuidar, aplicadas por profissionais com os clientes-usuários dos sistemas de saúde - atenção primária, secundária e terciária); e as Tecnologias Gerenciais (dispositivos para a mediação de processos de gestão, utilizadas por profissionais nos serviços e unidades dos diferentes sistemas de saúde)(1). Nesta classificação não há menção a tecnologias educacionais para educação comunitária, o que nos interessa aqui destacar. No contexto da Enfermagem, as tecnologias vêm sendo produzidas, validadas e/ou avaliadas. Mas levantamentos que cobriram o período entre 1986 e 2000 não encontraram números expressivos de trabalhos na área(2-4). Nestes estudos já há destaque para as tecnologias educacionais (TE), voltadas às novas estratégias de ensino-aprendizagem, com ênfase na educação comunitária, de grupos ou tipos específicos de clientes(2). Em recente estudo que cobriu um período mais amplo, entre 1980 e 2009 com ênfase nas produções indexadas na BDEnf, LILACS e nos catálogos do CEPEn, constatamos três tendências de produções: Tecnologias para Educação Técnica e Superior com Estudantes, Tecnologias para Educação em Saúde com a Comunidade e Tecnologias para Educação Continuada com Profissionais(5). Temos nos interessado pelas tecnologias educacionais para educação em saúde com a comunidade (educação comunitária), e nessa área há algumas modalidades de TE onde se destacam: as TE táteis e auditivas, as TE expositivas e dialogais, as TE impressas e as TE áudio-visuais. Em nosso grupo de pesquisa temos priorizado, num primeiro momento, as TE impressas que tem sido produzidas e validadas por estudantes de enfermagem em diferentes modalidades investigativas, como projetos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso de graduação. Cabe ressaltar, que as tecnologias impressas produzidas como folderes, cartazes, cartilhas, manuais, cadernos de orientação ou apostilas, nem sempre (ou quase nunca) são submetidos a um processo de validação. O problema é que muitos profissionais de enfermagem não sabem como realizar esse procedimento, entregando materiais não testados nem validados diretamente para a população. Como sabemos pouco sobre tais práticas de validação, não podemos promover iniciativas nesse sentido, pois não conhecemos esses pressupostos(6). Entre os desafios para a educação em saúde com a comunidade, quando se trata de produção e validação de TE, independentemente da modalidade, estão a promoção de estudos que dêem voz à comunidade, visando identificar que informações lhes interessam ter disponíveis bem como quais são as TE de mais fácil acesso e uso entre os diferentes grupos (crianças, adolescentes, adultos e idosos). Outro desafio, também muito importante, é o desenvolvimento de pesquisas metodológicas para validar tais TE, que serão submetidas à apreciação quanto ao conteúdo (juízes-especialistas) e forma (público-alvo), visando um processo participativo e inclusivo. Finalmente, no que tange à formação dos enfermeiros para produção e validação de TE, há que se integrar tais aspectos às atuais discussões sobre educação em saúde com a comunidade, visando envolvê-los em tais processos. As ações-investigações precisam gerar novas TE que após registro de autoria, representarão a materialidade das ideias e a transferência de conhecimentos à comunidade. REFERÊNCIAS 1. Nietsche E. Tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais: uma reflexão a partir da concepção dos docentes de enfermagem. Rev Lat Am Enfermagem. 2005;13(3):344-53. 2. Mendes IAC, Leite JL, Trevizan MA, Trezza MCSF, Santos RM. A produção tecnológica e a interface com a enfermagem. Rev Bras Enferm. 2002;55(5):556-60. 3. Teixeira E. Tecnologias educacionais na enfermagem: evidências na literatura 1980-2009. In: Anais da X Conferência Ibero americana, II Encuentro Latinoamérica-Europa, III Simposio de Investigación de Educación em Enfermería; 2009 oct 26-30; Panamá, Panamá. p. 41-9. 4. Gutierrez MG, Leite JL, Erdmann AL. Os múltiplos problemas pesquisados e a pesquisa em enfermagem. In: Anais do 11 Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem; 2001 maio 27-30; Belém, Brasil. p. 21-8. 5. Nietsche EA, Leopardi MT. O saber da enfermagem como tecnologia: a produção de enfermeiros brasileiros. Texto Contexto Enferm. 2000;9(1):129-52. 6. Oliveira MS, Fernandes AFC, Sawada NO. Manual educativo para o autocuidado da munlher mastectomizada: um estudo de validação. Texto Contexto Enferm. 2008;17(1):115-23.