INTRODUÇÃO: As lesões pelveperineais representam grande parcela das interconsultas para o cirurgião plástico em hospitais gerais. O objetivo do presente trabalho é apresentar a experiência obtida no tratamento de pacientes com lesões perineais, sacrais e de quadril com o uso de retalhos com vasos perfurantes. MÉTODO: Foram estudados, retrospectivamente, os pacientes submetidos a avaliação pela equipe da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nos meses de fevereiro a maio de 2009, que apresentavam feridas em região pelveperineal e no quadril. No total, 22 pacientes foram submetidos a reconstrução com retalhos cutâneos e fasciocutâneos baseados em vasos perfurantes, de acordo com os critérios de inclusão. O período de seguimento médio foi de 6 meses. RESULTADOS: A lesão pelveperineal foi úlcera por pressão em 20 (91%) casos, infecção profunda em 1 (4,5%), e hidradenite perineal em 1 (4,5%). A opção dos retalhos foi previamente estabelecida, dependendo do local da ferida: úlceras sacrais, retalho baseado nas perfurantes da artéria glútea superior em 15 (68,2%) casos; úlceras isquiáticas, retalho baseado nos vasos perfurantes da artéria glútea inferior em 3 (13,6%) casos; e úlceras trocantéricas, retalho tensor da fascia lata perfurante em 2 (9,1%) casos. Retalho fasciocutâneo inervado gluteofemoral foi a opção para a reconstrução pós-síndrome de Fournier em um paciente e após ressecção de hidradenite perineal em outro. Houve necessidade de nova sutura para fechamento primário tardio em deiscência < 10% do perímetro da lesão em 3 (13,6%) casos, durante os primeiros 15 dias de pós-operatório. Não houve casos de necrose > 3% da superfície do retalho. Os resultados foram mantidos no período de seguimento avaliado. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos no presente estudo foram satisfatórios e ficou demonstrada a utilidade de retalhos cirúrgicos sem incorporação de músculo para reconstruções pelveperineais. Essa alternativa para tratamento é menos mórbida para as áreas doadoras e preserva o tecido muscular para possível intervenção futura.