A Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai é muitas vezes associada a uma terra sem lei, o que desconsidera suas características de polo energético, comercial e turístico. O foco deste artigo é observar quais são as representações sobre a região nos jornais Folha de S.Paulo e O Globo e se elas tendem a reforçar essa imagem. Para tanto, são usados os pressupostos teóricos de framing e agenda-setting. Também optou-se por uma análise qualitativa, complementada pelo software NVivo, que detectou o léxico que mais frequentemente é associado à região. Os resultados demonstram uma prevalência de assuntos ligados a ilegalidades, com ênfase em terrorismo. Do total de textos sobre a Tríplice Fronteira publicados entre 2011 e 2019, 55,5% deles, em O Globo, e 47%, na Folha de S.Paulo, referem-se a ilegalidades. O radical terror- esteve presente, respectivamente, em 39% e 40% dos textos. Este artigo sugere que a cobertura jornalística feita pelos dois veículos de comunicação não segue acontecimentos pontuais e carece de vozes dissonantes das forças de segurança. Isso tende a reforçar a imagem de região insegura e, que, por isso, demandaria soluções de vigilância e controle.
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