Este artigo reformula a discussão do cosmopolitismo na teoria crítica de Habermas e Honneth, a partir da noção de “patriotismo constitucional” elaborada pelo primeiro e de uma problemática teoria do reconhecimento entre Estados no segundo, recorrendo a algumas premissas da Escola Inglesa das Relações Internacionais, com ênfase na interlocução entre pluralismo e solidariedade, a fim de se avançar no debate cosmopolita para além de uma proposta normativamente eurocêntrica e como alternativa a modelos utópicos e estatais. Partindo de uma constatação conjuntural de uma realidade política que se dirige ao cosmopolitismo, Habermas utiliza-se da questão identitária e da respectiva consciência da sociedade enquanto capaz de se autorregular como elemento sine qua non da legitimidade de uma prática política supranacional. Contudo, ao apresentar seu panorama, o filósofo de Sternberg pode ser acusado de cair em um ocidentalismo normativo. Honneth mostra-se cético quanto à ideia de estender sua teoria do reconhecimento às relações interestatais ou como algo a ser intuitivamente inferido de uma filosofia robusta do direito, como a que ele mesmo buscou reatualizar pela reconstrução normativa da teoria hegeliana do direito. Acreditamos que a Escola Inglesa pode viabilizar novos encaminhamentos em relação a uma realidade pós-nacional em que seja possível vigorar princípios como justiça global e direitos humanos, ao mesmo tempo em que são respeitadas as clivagens normativas entre povos em vias de não suprimir valorações morais e culturais distintas.
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