Este trabalho investiga o fenômeno de nominalização das formas infinitivas no português brasileiro (cantar – o cantar). Assumimos, a partir da perspectiva sintática de formação de palavras desenvolvida na Morfologia Distribuída (HALLE; MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), que as propriedades do infinitivo nominal podem ser explicadas através da combinação dos diferentes núcleos funcionais presentes na sua estrutura sintática. A questão de base deste trabalho é, então, especificar quais são esses núcleos e em que sequência hierárquica eles são organizados na sintaxe. Para tanto, descrevemos as propriedades empíricas dos infinitivos nominais do PB e propomos que eles funcionam como os Nominais de Evento Complexo, na tipologia de Grimshaw (1990). A partir desse comportamento, argumentamos em favor da existência de três núcleos de natureza verbal na constituição do infinitivo nominal: (i) o categorizador v, responsável pela categoria verbal da base, pela leitura de evento e pela introdução do argumento interno; (ii) o núcleo Voice (KRATZER, 1996), responsável pela introdução do argumento externo e (iii) um núcleo de aspecto, que traz a leitura imperfectiva e abriga a morfologia de infinitivo. Essa sequência funcional está abaixo de núcleos de natureza nominal: o categorizador n e o núcleo D, responsáveis pelas propriedades nominais da formação. Essa estrutura sintática é capaz de abarcar as propriedades empíricas do infinitivo nominal, além de revelar uma forte interação entre morfologia e sintaxe, uma vez que os argumentos presentes na estrutura são inseridos antes mesmo que a forma nominal esteja efetivamente formada na sintaxe. Por fim, argumentamos que esses infinitivos nominais constituem uma importante evidência (contra GRIMSHAW, 1990; ALEXIADOU, 2001) de que nominalizações zero podem ter estrutura argumental obrigatória.