O físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) é conhecido pelos físicos e químicos por causa de seu modelo atômico, que foi relevante para o desenvolvimento da teoria quântica e da química teórica. Suas contribuições são, usualmente, apresentadas de modo simplista em boa parte dos materiais didáticos de ciências, em especial aqueles voltados para a escola básica. Na maior parte das vezes, reforça-se a visão de uma história linear, elitista, neutra, ingênua e produtora de provas irrefutáveis, mediante um único método universal. Tais concepções acabam por fomentar uma visão estereotipada e ingênua sobre a ciência, em contradição às recomendações da literatura especializada e de documentos oficiais que sugerem uma formação crítica acerca do conhecimento científico e de seu desenvolvimento. Partindo desse pressuposto, neste artigo, apresentamos um enfoque alternativo às narrativas presentes em materiais didáticos, especialmente no contexto da formação inicial de professores. Enfatizamos modelos atômicos pouco conhecidos, aspectos pessoais de cientistas e alguns elementos do desenvolvimento da espectroscopia na elaboração de alguns modelos atômicos do começo do século XX, com ênfase nas contribuições de Niels Bohr. Apresentamos os pressupostos teóricos e metodológicos utilizados na delimitação de um recorte histórico e na elaboração de uma narrativa historiográfica. Esse resultado aqui apresentado objetiva oferecer elementos para subsidiar os docentes formadores de professores quanto ao uso da abordagem histórica das ciências, de modo a promover, em sua futura prática profissional, o ensino e aprendizagem de conceitos científicos e reflexões sobre a prática científica.