Este trabalho tem como objetivo discutir a contribuição semântica de ficar+gerúndio/particípio em português brasileiro. Propomos que esse verbo seja um aspectualizador, contribuindo com a formação de um predicado com características estativas. Defendemos que a noção de permanência atribuída a ele é válida para as construções em análise e, assim, possíveis diferenças entre a complementação com gerúndio ou particípio sejam composicionais, isto é, são dadas pelas propriedades dessas formas nominais do verbo. Com isso, rejeitamos análises anteriores que atribuíam ao verbo uma semântica de permanência ou iteração na construção com gerúndio e uma de mudança de estado naquela com particípio. Baseados na noção de aspecto verbal, checamos a robustez de nossa proposta por meio de uma série hipóteses: os resultados levam à conclusão que, de fato, ficar+gerúndio/particípio forme um predicado de estado, em que ficar tem apenas um significado na perífrase.
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