Acidentes ofídicos figuram entre os principais problemas de saúde pública em países tropicais. No Brasil, sua alta incidência, principalmente na região amazônica, reflete a íntima relação entre homem-animal num processo constante de sobreposição de locais de uso. Este estudo tem por objetivo descrever o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes ofídicos ocorridos em Belém, Pará, Amazônia oriental. Para isso, foi realizado um levantamento de todos os casos de envenenamento por serpentes peçonhentas notificados ao Sistema Nacional de Notificações e Agravos (SINAN) do Ministério da Saúde, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2011. Os dados obtidos a partir de fichas de notificação junto à Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA) foram analisados utilizando-se estatística descritiva simples. Foram notificados 352 casos de acidentes ofídicos, sendo identificada predominância nos primeiros seis meses de cada ano, coincidindo com o período chuvoso regional. Diferente do observado em grande parte dos estudos, a maioria dos acidentes ocorreu na zona urbana. Homens adultos, atingidos principalmente nos membros inferiores por serpentes do gênero Bothrops, foi o perfil mais frequente registrado. Falhas na soroterapia e no preenchimento das fichas foram identificadas, demonstrando haver a necessidade de treinamento dos profissionais envolvidos e melhoria no sistema de notificação desse agravo.