A Associação Shoshonítica de Lavras do Sul (ASLS), situada no extremo sul do Brasil, tem idade neoproterozóica e hospeda ocorrências importantes de Au-Cu-sulfetos, relacionadas por alguns autores a depósitos do tipo Cu-Au pórfiro. Dados de campo, petrográficos, mineralógicos e geoquímicos permitiram identificar e classificar os diques que ocorrem na ASLS cortando os monzonitos hipabissais, andesitos e lamprófiros, em três tipos principais: diques compostos autoclásticos, diques latíticos e diques latíticos com anfibólio. Sua grande variedade litológica e textural é resultado da diferenciação magmática, segregação mineral e processos de mistura de magmas. Os diques mostram afinidade shoshonítica, com teores de K2O > (Na2O –2), acompanhados de conteúdos elevados de Rb, Ba e Sr e baixos a moderados de Nb, Zr e ETRP, assinatura típica da Associação Shoshonítica de Lavras do Sul. Os dados obtidos permitiram identificar dois trends composicionais: um alto-Ti, enriquecido em Fe2O3t, P2O5, HFS, LILE e ETR, com razões K2O/Na2O < 0,8; outro baixo-Ti, que predomina na ASLS, com menores teores dos elementos anteriormente citados e razão K2O/Na2O > 1,4. Os diques alto-Ti, com menores razões K2O/Na2O indicam uma evolução das fontes e processos no sentido da produção de magmas alcalinos saturados em sílica mais sódicos, como é comum na evolução do magmatismo pós-colisional. A cristalização dos magmas e o progressivo enriquecimento dos voláteis e de complexos de Au-S-Cl geraram uma supersaturação do sistema, causando o segundo ponto de ebulição e a vesiculação de porções dos diques. Admite-se que o magma lamprofírico pode ser a fonte principal do ouro e enxofre do sistema. A mistura dos magmas latíticos ou traquíticos com os lamprofíricos, pode ser responsável por um aumento do potencial de oxidação e dos voláteis no sistema, desencadeando assim a separação da fase volátil, a desestabilização dos complexos e a precipitação dos sulfetos magmáticos portadores de Au, além da própria formação das soluções hidrotermais.