As pesquisas sociolinguísticas (LOPES, 1998, 2003a, 2003b, 2004, 2007 e outras) têm demonstrado que a forma pronominal a gente está implementada no Português Brasileiro (doravante PB), figurando como alternativa ao pronome nós. Ao tratar dessa temática, o presente artigo apresenta parte de uma pesquisa mais ampla acerca da variação dos pronomes-sujeito nós e a gente em um corpus escrito da Cidade de Goiás-GO. Para esta pesquisa, julgou-se pertinente investigar quando a forma pronominal inovadora começou a ser utilizada pelos vilaboenses (gentílico aos nativos da cidade). Para tanto, optou-se por realizar busca de textos antigos na cidade, publicados em jornais e periódicos, desde a sua fundação, até meados da transferência da capital para Goiânia. Dessa maneira, observados os períodos, almeja-se ainda verificar em quais gêneros textuais a forma esteve mais presente e se a variante nós era mais recorrente. A pesquisa está calcada nos estudos da Teoria Variacionista de base laboviana (LABOV, 1978, 2008; WEINER; LABOV, 1983; WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006) e nas pesquisas sobre gramaticalização clássica, a fim de investigar a variação pronominal de primeira pessoa do plural no Português Brasileiro (CASTILHO, 1997, 2016; LOPES, 1998, 2003a, 2003b, 2004; VIANNA; LOPES, 2015, dentre outros), A análise dos dados aponta para ocorrências da forma a gente (figurando como pronome-sujeito substituto de nós) nos anos 1800, na comunidade vilaboense, em contextos menos formais. Por outro lado, a forma nós prevalece nos contextos mais formais.
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