As dimensões interculturais implicadas na profissão docente requerem que não se descuide das dimensões estéticas nos cursos de formação de professores e educadores, reconhecendo a necessidade de aprendizagem no campo das linguagens expressivas, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Perpassando tais questões, o artigo discute dados da investigação que teve entre seus objetivos analisar a presença das dimensões estética e cultural nos currículos de formação docente para a educação infantil e nos percursos de professores em formação inicial da Universidade de Évora (PT). O traçado teórico-metodológico contou com a realização de encontros-ateliês com os estudantes-professores, como espaço-tempo de tecer memórias e narrativas sobre percursos de formação estética. O exercício de rememorar situações que marcaram a educação de sua sensibilidade, mediado pelo contato com múltiplas linguagens ao longo dos encontros-ateliês, projetou narrativas que permitiram-nos identificar elementos-chave dos processos de educação estética ao longo da vida e, com eles, refletir que os cursos de formação docente devem garantir espaço-tempo para experimentação, expressão, criação. Para além de aulas de arte isoladas, a importância de cultivar articuladamente sensibilidade e pensamento, memória e novas experiências, no contato com a natureza, a cultura, a arte, foi referendada.