A universalização do acesso à saúde no Brasil trouxe consigo a necessidade de reorganização e ampliação dos serviços de saúde. Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) tornou-se uma prioridade governamental na reorientação das políticas de saúde em nível local, com a finalidade de facilitar o acesso às ações e serviços de saúde no Sistema único de Saúde (SUS). Assim, este estudo teve como objetivo analisar do acesso a ações e serviços da APS durante a pandemia da Covid-19 (2020-2022), em um município do interior da Bahia, que integra o território de identidade do Sisal, fazendo parte da microrregião de Serrinha. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório, que utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada. O método de análise de dados foi a análise de conteúdo temática. Os participantes foram gestores e trabalhadores de saúde vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, compondo um total de quatro pessoas. Os resultados mostraram que o fluxo de acesso, antes da pandemia, se dava quase que exclusivamente por demanda espontânea e, durante a pandemia, mediante agendamento, realizado com o apoio do Agente Comunitário de Saúde (ACS). As ações e serviços que tiveram oferta restrita foram: atendimentos a usuários portadores de hipertensão e diabetes e as consultas de pré-natal. As estratégias utilizadas pelos trabalhadores de saúde para manter/ampliar o acesso aos serviços da APS foram o redimensionamento de horários de atendimentos; o uso de telessaúde e redes sociais e a capacidade de articulação dos ACS com a comunidade. Tais achados mostram a capacidade da APS enquanto reordenadora da atenção à saúde no intuito de ampliar a universalidade e a integralidade no SUS.
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