Em 1928, Hugo von Hofmannsthal publicou sua última peça e seu legado: “A torre”, baseada em La vida es sueño de Calderón de la Barca. Na trama ficcional, a Polônia antiga, abalada por uma guerra perdida, oscila entre três formas de governo: o tradicional, o legal e o carismático. Sigismund, filho do déspota fracassado, não consegue sustentar-se como novo príncipe humano, e a revolução milenarista das crianças órfãs tampouco se afirma; quem triunfa é o soldado Olivier, apoiado em amoralidade radical e seus guerreiros embrutecidos. Reconhece-se, neste cenário, uma alegoria sobre a situação austríaca do pós-guerra e dos movimentos fascistas em surgimento na Europa. Ao mesmo tempo, o autor assimila leituras de M. Weber, W. Benjamin e C. Schmitt, de forma que “A torre” pode ser lida como complemento ficcional das agudas análises desses teóricos sobre a sociedade europeia após a catástrofe da 1ª Guerra.
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