O presente artigo compartilha uma experiência filosófica vivenciada a partir do acompanhamento e relato de uma aula de filosofia e da questão: que pode uma obra literária/leitura(s) suscitar como uma experiência de pensamento numa aula de filosofia? Seguindo a reflexão do como o ato da leitura literária pode constituir-se viés proponente para principiar experiência de pensamento, fio condutor de um diálogo que movimentará a roda da conversa, dialogamos e traçamos um caminhar paralelo ora por metáfora, ora por comparação, entre o relato dessa experiência vivenciada na escola da rede pública municipal e a transformação/metamorfose da borboleta. A partir de então, projetamos num dizer poético a leveza, o convite para o voo, para possibilidades de perder o chão a fim de ganhar e habitar nos ares que dá, literalmente, voz a uma criança do primeiro ano com provável diagnóstico de autismo, há seis meses inserida no ensino regular, que não falava em público. Pensando a experiência conforme Larrosa (2011) como algo que afeta, perpassa, “isso que me passa”, e o pensar na escola pública a partir de Kohan (2016), como sendo esse um dos paradoxos imperativos e preocupação primeira das práticas educacionais, perseguimos o objetivo de apresentar a filosofia para/com crianças como uma possibilidade real de oportunizar o romper de casulos, a concretização de um ciclo da metamorfose de uma infância ou da própria educação no/para o pensar; apresentamos, enfim, a importância da filosofia na/para a educação, sendo ela literariamente a oportunidade para estimular o pensar.