No presente trabalho apresentamos os resultados das pesquisas geológicas efetuadas na região do Itatiaia, procurando atualizar as informações sobre esta interessante área. Com base nas melhores possibilidades de acesso e nos conhecimentos sobre os demais corpos de rochas alcalinas no mundo, colhemos os dados essenciais à elaboração do mapa geológico na escala de 1:50.000 e à compreensão dos fenômenos magmáticos, tectónicos e morfológicos responsáveis pelo aspecto atual da região. Dada a grande extensão da área, o relevo acidentado e a floresta densa, restringimo-nos à coleta das informações de campo de natureza geral, sem nos aprofundarmos nos pormenores . Na fase preliminar dos trabalhos fizemos o reconhecimento das rochas do embasamento gnáissico, das intrusivas alcalinas posteriores e dos sedimentos elásticos cenozoicos da bacia de Resende. Dos 3 corpos de rochas alcalinas (Itatiaia, Passa Quatro e Morro Redondo), o corpo do Itatiaia foi o objeto principal das nossas pesquisas, e a êle dedicamos a maior parte deste trabalho. A forma do corpo do Itatiaia é irregular, destacando-se um eixo alongado na direção NW As rochas quartzosas e os corpos de brecha também são orientados NW A variedade litológica é relativamente grande, compreendendo os seguintes tipos de rochas (em direção ao topo e ao centro da intrusão): nefelina-sienito, foiaíto, brecha magmática, nordmarkito, quartzo-sienito e granito alcalino. Chamamos de brecha magmática 2 corpos de rochas alcalinas de granulação fina, com áreas contendo fragmentos de rochas da mesma natureza. Apresentam estruturas fluidais de sordenadas, pirita, clorita, calcita e cristais de feldspato corroídos. As observações de campo favorecem a sua interpretação como sendo um tipo de chaminé, ligada à fase final da consolidação do maciço e ao provável abatimento do tôpo da intrusão. Ocorre grande número de diques dentro ou fora das rochas alcalinas, com espessuras de 30 cm a poucos metros; obedecem, em geral, as direções NE e NW Das estruturas que se salientam no relêvo merecem destaque: a grande muralha que circunda o planalto, os espigões Couto-Prateleiras e Marombas-Dois Irmãos, a escarpa do vale do Paraíba e o vale dos Lírios. A drenagem em alguns setores é nitidam ente anelar, sob controle estrutural. Falhas de pequena expressão foram constatadas diretamente. Porém as grandes linhas da topografia foram interpretadas como resultado de falhamentos, como o vale dos Lírios, escarpa Couto-Prateleiras e o próprio planalto como um todo. No intenso diaclasamento reside a explicação para os aspectos menores da morfología do planalto. Apresentam-se em múltiplos sistemas e condicionam a desagregação das rochas em um sem número de matacões. Do ponto de vista da tectónica regional, o Itatiaia localiza-se em região cujas características têm sido muito debatidas. O embasamento estaria sujeito a um determinismo estrutural pré-cambriano, o qual comandaria os fenômenos modernos, inclusive a tradicional associação entre os corpos de rochas alcalinas e os escudos cristalinos. Por longo tempo o sudeste brasileiro esteve sob a ação de movimentos epirogênicos ascendentes sendo arqueado e fraturado, permitindo a ocorrência dos derrames basálticos e a diferenciação e intrusão do magma alcalino. São desconhecidas as causas dessa epirogênese, a qual seria ainda a responsável pelo tectonismo terciá¬rio que originou o vale do Paraíba, as serras que o delimitam e as bacias de Taubaté e Resende. A intrusão ganhou o seu espaço pelo deslocamento do teto através de falhas verticais, fato êsse ocorrido no Cretáceo ou mesmo no Paleoceno, conforme indícios recentes. Durante o resfriamento processou-se o fracionamento do magma, tornado-se as rochas cada vez mais ricas em silica, da base para o tôpo, e da periferia para o centro. Á área rebaixada do planalto e a grande estrutura anelar foram por nós interpretadas como conseqüência de uma fase de colapso, ligada talvez à intrusão da brecha magmática, cuja chaminé poderia ter tido contato com o exterior Falhamentos pós-intrusivos ressaltam morfológicamente as rochas alcalinas, afetando a área do planalto (Vale dos Lírios) e a estrutura anelar no flanco sul da intrusão, propiciando a formação de espêsso depósito de “tálus” dentro do vale do Paraíba, relacionado com a escarpa da linha de falha e o vale do rio Campo Belo. O problema das formas do relêvo do planalto, por muitos tomadas como evidências de fenômenos glaciais de altitude durante o Pleistoceno, foi por nós estudado nos seus pontos essenciais. Os fatores climáticos foram considerados de importância secundária, pois os elementos tectónicos são os responsáveis pelos aspectos principais da morfologia, principalmente o intenso diaclasamento que afetou a parte superior da intrusão.
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