OBJETIVO: Avaliar os efeitos da suplementação de potássio, por intermédio do sal de cozinha contendo cloreto de potássio, associada à dieta hipocalórica e à atividade física aeróbica, sobre a pressão arterial e índices de resistência à insulina em pacientes hipertensos com obesidade abdominal. MÉTODOS: Estudo prospectivo duplo-cego, randomizado, em 22 pacientes hipertensos com excesso de peso (índice de massa corporal >27kg/m²) e controle insatisfatório da pressão arterial durante o uso de diuréticos pressão arterial sistólica >140 e <160mmHg e/ou pressão arterial diastólica >90 e <105mmHg. O estudo teve duração de 12 semanas, durante as quais, os pacientes, divididos em dois grupos (grupo sal normal, n=10; grupo sal de potássio, n=12), receberam sal contendo 100% de cloreto de sódio, ou sal contendo 50% de cloreto de sódio e 50% de cloreto de potássio. No início e ao final do estudo, os pacientes foram submetidos à determinação do índice de massa corporal, da circunferência da cintura, dos níveis séricos e da excreção urinária de sódio e potássio, à monitorização ambulatorial da pressão arterial nas 24 horas, ao teste oral de tolerância à glicose com determinação dos níveis séricos de insulina em jejum e aos 120 minutos, à determinação do perfil lipídico do plasma e à medida da composição corporal. RESULTADOS: No grupo sal de potássio, os níveis do potássio sérico não se elevaram, como no grupo sal normal, embora se elevasse de 38,8±18,6 para 62,3±29,7mEq/g a excreção de creatinina urinária (p<0,05). A perda de peso, semelhante nos dois grupos (3,5% no grupo sal normal e 2,7% no grupo sal de potássio), associou-se às reduções na pressão arterial sistólica durante a monitorização ambulatorial da pressão arterial; de 134,7 ±14,8 para 130,2±12,6mmHg (p<0,05) no grupo sal normal e de 128,2±7,4 para 122,9±5,7mmHg (p<0,05) no grupo sal de potássio, e às reduções na pressão arterial diastólica durante a monitorização ambulatorial da pressão arterial, de 84,4±10,2 para 81,4 ± 8,9mmHg no grupo sal normal e de 84,0±5,7 para 79,5±3,9mmHg (p<0,05) no grupo sal de potássio. As variações da pressão arterial sistólica, semelhantes nos dois grupos, correlacionaram-se com as variações das medidas da circunferência da cintura em todos os pacientes analisados em conjunto (r s=0,624; p=0,002). Os índices de resistência à insulina e o perfil lipídico do plasma não se alteraram e não diferiram entre os grupos. CONCLUSÃO: Nossos resultados indicam que as perdas de peso induzidas por alterações no estilo de vida promovem reduções na pressão arterial, proporcionais às reduções na gordura abdominal. A suplementação de potássio a partir da utilização do sal de cozinha contendo cloreto de potássio, em pacientes hipertensos obesos em uso de diurético, se mostrou insuficiente para impedir a queda dos níveis séricos de potássio e não resultou em nenhum efeito sobre a resistência à insulina ou sobre a pressão arterial, além daquele obtido pela perda de peso.
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