O objetivo deste texto é promover um diálogo com a autobiografia intelectual de Edgar Morin, com os três temas de maior relevância na sua obra "Meus demônios": a epistemologia, a ética e a política; e destacar a importância do pensamento complexo no processo de produzir saúde. A postura de indagação contínua faz Morin refletir sobre a provisoriedade das "verdades" e "conclusões". Sobretudo, que o conhecimento nunca é total, mas multidimensional. Propõe-se a construir um conhecimento que religa, que é inacabado e inacabável. Trabalha com o conceito de auto-ética, com a urgência de "constituição" de uma identidade humanitária, de uma consciência planetária, da idéia de terra pátria. Na política assinala a necessidade de uma consciência de resistência entre os homens, em todos os tempos e áreas, a forças mentais, ideológicas, culturais e históricas que possam suscitar erros e desta forma reforça a crença na necessidade imperiosa de repensar a política. A lógica do pensamento complexo de Morin tem iluminado muitas das discussões no campo da saúde, uma vez que nesse campo os fenômenos envolvendo o processo saúde e doença apresentam múltiplas dimensões, o que nos faz refletir sobre a complexidade do conceito de necessidades de saúde.
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