O objetivo do presente estudo é realizar uma análise e discussão dos principais achados envolvendo o comportamento da imunoglobulina A salivar (IgA-s) em relação ao estímulo do exercício e evidenciar a importância de seu controle em atletas. O exercício físico é um importante modulador das características do sistema imune, sobretudo do comportamento da IgA-s, componente fundamental na proteção de infecções do trato respiratório superior (ITRS). No entanto, a relação direta entre baixas concentrações de IgA-s e ITRS precisa de mais evidências para ser confirmada. As concentrações de IgA-s durante e logo após um exercício intenso diminuem, deixando o indivíduo mais suscetível à infecção, porém, atletas envolvidos em atividades extenuantes não são clinicamente imunodeficientes, comparados com indivíduos sedentários. Essas modificações são transitórias, com retorno aos valores normais após aproximadamente 48 horas de repouso. A razão dessas alterações não é clara, mas se apresenta multifatorial: elevação de hormônios estressores; fatores nutricionais; ação de espécies reativas de oxigênio; e estresse psicológico. Apesar do efeito transitório das alterações provocadas nos elementos do sistema imune frente ao exercício, observa-se diferença na variabilidade da IgA-s em populações com diferentes níveis de condicionamento. Diferenças metodológicas - como o protocolo de exercício, o método de coleta, armazenamento e manipulação da saliva, a forma de expressão da IgA-s, o nível de hidratação, o controle da dieta, a sazonalidade do período de competição, a aclimatação entre outros fatores - devem ser levadas em consideração para comparação entre os estudos. Além disso, ajudam a explicar, em parte, os resultados adversos envolvendo exercício moderado e os intermitentes, em que se encontram aumento, redução e até ausência de alteração nos níveis de IgA-s. Investigações de elementos inovadores, como os toll-like receptors, e o avanço tecnológico podem colaborar para aumentar as evidências sobre o tema.