O artigo considera o “ato” de publicação de um modo amplo, ou seja, como um “processo” de publicação, que envolve vários estágios, desde a formação e habilidade linguística do escritor, passando pela publicação material do livro e estratégias para evitar censura e processos judiciais, até a recepção pela crítica e público; a ênfase deste artigo, no entanto, recai na análise do ato de publicação e de escrita enquanto mencionados ou aludidos na própria narrativa, ou seja, enquanto entretecidos na própria realidade ficcional. Assim, partindo-se do comentário do Prefácio de Lolita, assinado por John Ray, Jr., ph. D., são apresentadas estratégias argumentativas dos autores ficcionais em favor da não proibição do livro, bem como alguns importantes aspectos da intrincada relação entre, por um lado, John Ray Jr. e Humbert Humbert, dois escritores imanentes à própria trama narrativa, e, por outro, o autor signatário, Vladimir Nabokov, expondo, entre outras coisas, a consciência da ousadia de sua aposta literária frente ao público da “era da classe média enxerida”, bem como sua confiança nos promissores resultados da publicação de Lolita.
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