O presente trabalho tem por objetivo observar aspectos do comportamento morfossintático e semântico da forma pronominal de terceira pessoa plena no Português Brasileiro (PB), a partir do inventário de traços que a constitui, sob a perspectiva de uma teoria de traços (HARBOUR, ADGER & BÉJAR, 2003). Para tanto, foram observados dados de introspecção do português brasileiro, conforme os pressupostos teóricos da Teoria Gerativa, conforme o Programa Minimalista (CHOMSKY, 1995 e posteriores), os quais permitiram observar que a terceira pessoa plena pode ocorrer em qualquer contexto sintático, que permite apenas leitura definida e específica, exceto em posição de sujeito, que pode assumir leitura definida e/ou específica, ou ainda, nenhuma das duas (caso dos expletivos), e, portanto, terceira pessoa não apresenta comportamento arbitrário, como ocorre com a primeira e a segunda pessoa. Os resultados mencionados, por conseguinte, apontam para as seguintes conclusões: (a) a geometria de traços da categoria pessoa parece estar relacionada com elementos, em princípio, pós-sintáticos como semântica e pragmática; e (b) a terceira pessoa pode ser a forma pronominal default, em português, pois é o pronome pessoal cuja forma é mais subespecificada, não possui leitura genérica e comportamento arbitrário e é a forma expandida para neutros e expletivos na maioria das línguas humanas.