Há menos de duas décadas, a América Latina experimentava um intenso momento de lutas, ilustrando transformações no cenário político regional. A “onda rosa” latino-americana manifesta-se fundamentalmente com o triunfo eleitoral de Chávez na Venezuela em 1998, o fracasso da ALCA, a crise capitalista mundial em 2008 e as lutas por nacionalizações na Bolívia e Equador, seguidas pela ascensão presidencial de Evo Morales e Rafael Correa, respectivamente, que sinalizavam relevantes mudanças na geopolítica latino-americana. São governos que articularam institucionalidade e pautas nacional-populares num projeto de caráter heterogêneo e continental, que reascenderam na dimensão política uma tentativa de ruptura com as estruturas de poder e cultura antidemocrática que minavam a credibilidade das instituições políticas locais, trazendo a substituição das constituições em vigor e renovação dos quadros políticos dirigentes. Este estudo foca no caso boliviano, que vivencia o agravamento das críticas em relação às medidas econômicas baseadas na exportação de commodities, considerando o giro à direita na superestrutura política do subcontinente. Problematizaremos sobre as possibilidades de continuidade do novo bloco no poder inaugurado com o Estado Plurinacional da Bolívia.