As hortaliças orgânicas são caracterizadas por um cultivo sem agrotóxicos e fertilizantes sintéticos. No entanto, o modo como esses vegetais são cultivados, com esterco bovino como adubo, aumenta a possibilidade de tornarem-se vias de transmissão de enteroparasitoses. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo detectar a ocorrência de estruturas parasitárias em hortaliças orgânicas comercializadas em feira livre no Município do Crato (CE). As hortaliças orgânicas foram coletadas na feira agroecológica Associação Cristã de Base – ACB. Uma amostra de cada hortaliça (coentro, cebolinha e alface) foi coletada por banca (oito bancas, no total), e processadas utilizando a técnica Lutz, ou de Hoffmann, Pons e Janer ou método de sedimentação espontânea, com adaptações para estudo parasitológico em vegetais. Para cada amostra foram preparadas três lâminas e analisadas em microscópio óptico nas objetivas de 10X e 40X. Do total de amostras de hortaliças orgânicas analisadas 31,40% encontravam-se contaminadas pelas seguintes estruturas parasitárias: cistos de Giardia duodenalis, Balantidium coli, Entamoeba histolytica, E. coli, Iodamoeba butschlii, Endolimax nana; ovos de ancilostomídeos, Taenia sp. e Hymenolepis diminuta, larvas de ancilostomídeos e de Strongyloides stercoralis. O coentro foi a hortaliça mais contaminada, e o S. stercoralis foi o parasito mais frequente nas amostras de hortaliças, portanto, prevaleceram os helmintos. A contaminação encontrada nesse estudo sugere formas inadequadas de cultivo, higienização e manipulação das hortaliças, sendo inadequadas para o consumo segundo legislação em vigor. São necessárias campanhas eficazes de incentivo à higienização dos alimentos, mesmos os orgânicos, dito como “saudáveis”, mas, que podem ser vias de transmissão de parasitos de enteroparasitoses./