Este estudo foi realizado com o objetivo de investigar a influência da heterogeneidade espacial dos fatores abióticos sobre os padrões espaciais da estrutura da vegetação do componente lenhoso e sua regeneração em uma área de caatinga, no sertão de Pernambuco. O estudo foi realizado em uma área de caatinga localizada no Parque Estadual da Mata da Pimenteira, município de Serra Talhada, Pernambuco. A amostragem foi dividida em dois ambientes, um próximo ao curso d’água com vegetação mais densa (I) e outro a 100 m do curso d’água com vegetação mais aberta (II). Em cada ambiente foram instaladas quatro parcelas permanentes de 20 × 50 m subdivididas em 10 parcelas de 10 × 10 m, nas quais foram medidos os indivíduos vivos com diâmetro do caule ao nível do solo (DNS) ≥ 3 cm e altura total ≥ 1 m. Em um dos vértices de cada parcela foi plotada uma subparcela de 2 × 2 m para medir a altura e o diâmetro dos indivíduos das espécies amostradas no componente lenhoso com DNS entre 0,5 e 2,9 cm (regeneração). Foram calculados os descritores fitossociológicos gerais da comunidade dos diferentes ambientes e avaliada a distribuição de indivíduos em histogramas, tanto do componente lenhoso como para a regeneração. Após verificação da normalidade pelo teste Kolmogorov-Smirnov, os valores dos descritores fitossociológicos por parcela foram comparados entre os ambientes. Nos dados com distribuição normal, foi empregada a análise de variância (ANOVA) de um critério. Dados sem distribuição normal foram analisados pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney. Os ambientes apresentaram diferenças significativas quanto ao número de indivíduos (4047,5 versus 3332,5 ind.ha-1) e área basal (23,6 versus 17,6 m2. ha-1), com valores significativamente superiores no ambiente I, padrão oposto ao da regeneração em que o número de indivíduos e a área basal foram maiores no ambiente II (9187,5 versus 10937,5 ind.ha-1) e (1,9 versus 2,5 m2. ha-1), respectivamente. No total foram amostradas 50 espécies (incluindo o componente arbóreo e regenerante), havendo diferenças significativas em termos de diversidade entre os ambientes nos diferentes estratos, embora a similaridade seja superior a 80%. A maioria das variáveis químicas e texturais dos solos não diferiram estatisticamente, com exceção dos teores de Al3+ que apresentou teores superiores no ambiente I. Das demais variáveis edáficas, apenas a pedregosidade diferiu entre os ambientes I e II (3,87 versus 1,47%). A distinção fisionômica da vegetação entre os ambientes é resultado da presença de populações com indivíduos de maiores alturas e diâmetros no ambiente I. A heterogeneidade espacial das variáveis ambientais encontrada nos ambientes estudados, explicou parte das variações das características florístico-estrutural da vegetação.