Resumo O objetivo deste trabalho é tecer uma reflexão sobre as paixões humanas numa perspectiva histórico-cultural, com base nas contribuições de Vigotski, em diálogo com proposições de Espinosa e Bakhtin. Tomamos comolocus central de análise as narrativas de Frain sobre cartas trocadas entre os amantes Simone de Beauvoir e Nelson Algren, que dão visibilidade aos desdobramentos éticos-políticos da paixão. Exploramos a paixão em sua dimensão política, histórico-cultural e seus impactos na configuração experiencial do drama - choque de sistemas que envolve os protagonistas (pessoas sociais) que vivem na carne o enlace. A conclusão aponta para um deslocamento epistemológico no tratamento da paixão que nos permite questionar duas das dicotomias que marcam o pensamento psicológico: a separação entre o social e o pessoal; a razão e emoção. Ao final, assinalamos o estudo das paixões com foco na ação mobilizadora dos processos criadores, para além da passividade apaixonada.