As Exposições Universais do final do século XIX e do início do século XX introduzem dois novos aspectos na relação entre a técnica e a sociedade: a divulgação das descobertas científico-tecnológicas e a ênfase nos seus mecanismos de produção. O desenvolvimento da técnica permitiu uma proposta de democratização onde o espaço urbano e a habitação para todos detinham um papel determinante. Neste contexto, a Exposição Universal de 1900 é considerada pela historiografia como sendo um evento fundamental da divulgação das obras de arte e dos produtos industriais e agrícolas. Além da coincidência do calendário, esta exposição é a expressão visível da transição entre os progressos científico-tecnológicos anunciados no final do século XIX e a sua concretização projectada para o futuro próximo. Ela surge como cidade virtual que projecta no seu espaço físico novas concepções urbanas e arquitectónicas. Além disso, pode ser considerada representativa do espírito de uma época eufórica que profetiza a partir do novo sistema científico-tecnológico o nascimento de uma nova sociedade. Este prognóstico, possível graças a invenções tais como a electricidade, o cimento armado, o aeroplano, entre outras, funda a ideia de grandeza das realizações eminentes. Pela primeira vez, uma Exposição Universal consegue antecipar, num evento, uma série de elementos espaciais, sócio-culturais e semânticos, que redefinem a noção de cidade.