OBJETIVO: Investigar como indivíduos com e sem treinamento vocal utilizam recursos de ênfase em duas palavras previamente selecionadas na leitura de texto. MÉTODOS: Setenta e sete indivíduos de 19 a 57 anos de idade formaram dois grupos: 51 alunos de curso de radialista denominados grupo treinado - GT e 26 indivíduos sem experiência em locução, denominados grupo não-treinado - GNT. Eles leram uma notícia duas vezes enfatizando, a cada leitura, uma palavra: "negocia" e "reformas". As leituras foram gravadas em dois momentos com intervalo de dois meses entre elas, correspondentes ao início e ao final do curso de radialista do GT. O material foi submetido à avaliação perceptivo-auditiva da ocorrência, avaliação e forma de utilização da ênfase; identificação visual da espectrografia para delimitação das pausas junto às palavras estudadas; análise acústica da duração e frequência fundamental das ênfases. Testes estatísticos foram aplicados. RESULTADOS: GT foi melhor avaliado quanto à qualidade da utilização da ênfase que GNT, não havendo diferença na sua ocorrência e forma de utilização. "Reformas" teve maior ocorrência de ênfase e foi melhor avaliada que "negocia". GT usou menos pausas que GNT. Na análise acústica, "reformas" durou mais que "negocia" no GNT. A média da frequência fundamental de "negocia" foi maior que "reformas". CONCLUSÃO: Os grupos comportaram-se de forma semelhante, demonstrando que enfatizar obedece a individualidade dos falantes. GT apresentou mais habilidade na distribuição das pausas. As ênfases ocorreram diferentemente entre as palavras respeitando aspectos sintático-semânticos.