http://dx.doi.org/10.5007/1984-8412.2016v13n1p1104Entre os anos 30 e 40 do século passado, o México viu surgir, das cinzas da revolução mexicana, uma figura singular. Frida Kahlo é descrita, até hoje, pelo imaginário social – em seus quadros, em suas fotografias – como uma mulher que marcou uma época e que se tornou símbolo de lutas, e isso se estende até a contemporaneidade. Criaram-se, em volta da pintora mexicana, várias imagens sociais que eram delineadas no jogo dialógico entre suas obras e seus interlocutores. Tomando como referência essas assertivas, o artigo, ora apresentado, objetiva realizar análise de uma carta escrita por Frida para um de seus interlocutores amados/amantes – um dos homens com quem ela se envolveu, afetivamente, durante períodos diferentes de sua vida –, e mapear os ethé construídos por ela em enunciados nos quais ela ‘pinta’ verbalmente uma imagem de si, que se revela nas escolhas lexicais empreendidas para falar de amor, de traição, de amizade, de dor e de seu estar no mundo. Diante disso, refinamos uma imagem estética e ideológica de Frida Kahlo que se recobre de passionalidades distintas e de graus dialógicos diversos. Para tanto, fundamenta nossa análise os pressupostos teóricos advindos de M. Bakhtin, sobre estilo e enunciado concreto, e de Maingueneau, sobre ethos discursivo no que concerne à construção da imagem de si.
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