RESUMO Objetivo Analisar os indicadores de prazer e sofrimento no trabalho associados a depressão e ansiedade entre agentes comunitários de saúde (ACSs). Métodos Estudo transversal, no qual variáveis dependentes foram a presença de sintomas de ansiedade e depressão, avaliadas com o Patient Health Questionnaire (PHQ-9) e com o Inventário de Ansiedade de Traço-Estado (IDATE). As variáveis independentes foram avaliadas com um questionário sociodemográfico e a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) do Inventário do Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). As associações entre as variáveis foram testadas com o uso de regressão logística multinominal. Resultados Participaram do estudo 675 ACSs, sendo a maioria mulheres (83,7%), com até 40 anos (51,3%). As chances de apresentar sintomas de ansiedade foram maiores entre ACSs efetivos (1,61 [1,10-2,36]), e avaliações críticas ou graves nos fatores realização (Crítica 1,87 [1,30-2,68]; Grave 4,16 [2,06-8,40]) e esgotamento profissional (Crítica 2,60 [1,78-3,80]; Grave 3,97 [2,53-6,21]). Sexo feminino (2,12 [1,03-4,40]), idade de até 40 anos (1,741 [1,05-2,89]), tempo de serviço superior a cinco anos (1,88 [1,18-2,99]), avaliações crítica ou grave nos fatores realização (Crítica 2,53 [1,55-4,10]; Grave 6,07 [2,76-13,38]), esgotamento profissional (Crítica 5,21 [2,30-11,80]; Grave 15,64 [6,53-37,44]) e falta de reconhecimento (Crítica 1,93 [1,13-3,28]) estiveram associados a maiores chances de sintomas depressivos. Conclusões Apesar de se tratar de estudo transversal, que não permite inferir causalidade, os achados sugerem importante associação entre aspectos laborais dos ACS e os sintomas de ansiedade e depressão. Sexo feminino e possuir 40 anos ou menos também mostraram relação com o aumento dos sintomas de depressão.