As espécies de Coffea, no geral, apresentam um cálice constituído de cinco sépalas muito rudimentares. Em Coffea arabica L. foi encontrado um único cafeeiro, possuindo o cálice bem desenvolvido e de natureza petalóide. A análise genética dêsse característico é discutida no presente trabalho. Verificou-se que se trata de um fator que afeta, aparentemente, apenas algumas partes da flor, sendo o cálice de natureza petalóide, o estilo e o estigma de forma e tamanho variáveis e o estigma desprovido de superfície estigmática. O ovário e o pedicelo da flor são de cor branca e se desprendem com a flor, alguns dias após a sua abertura, determinando esterilidade quase total das plantas portadoras do fator calicântema. O pólen é normal. Pelo cruzamento de plantas normais com o cafeeiro calicântema, obtiveram-se 50% de plantas normais e 50% de plantas calicântema. Êstes dados da análise genética indicam, pois, que a calicantemia é controlada por um par de fatôres genéticos, tendo as plantas com cálice normal a constituição cc e, sendo heterozigotas para êsse par de alelos - Cc, as plantas calicântema estudadas. Não se conhecem plantas de constituição CC, pois todos os cafeeiros portadores do alelo C apresentam esterilidade das partes femininas da flor. As plantas calicântema têm tôdas as flores com o cálice petalóide, e não se notaram casos de instabilidade somática do alelo C. A julgar pelos dados de cruzamento com a var. murta, o cafeeiro mostrando o característico calicântema deve ter-se originado por mutação da var. typica. Essa mutação deve ser muito rara, pois apenas uma planta foi observada entre centenas de milhares de cafeeiros que têm sido examinados, tanto em viveiros como nas plantações de café.
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