As aderências peritoneais formam-se freqüentemente nos eqüinos submetidos a laparotomia. As aderências podem ser assintomáticas ou podem causar complicações como cólica e osbstrução intestinal, às vezes com estrangulamento vascular. Com o objetivo de avaliar a eficiência do uso intraperitoneal de carboximetilcelulose (CMC) na prevenção de aderências peritoneais em eqüinos, fez-se o seguinte experimento: dezoito eqüinos clinicamente normais, sem raça definida (SRD), foram anestesiados e submetidos a laparotomia na linha mediana ventral, quando se produziu lesões no jejuno distal para induzir a formação de aderências peritoneais. Em quatro animais (bloco I) foram criadas seis lesões: um segmento com aproximadamente 45cm de comprimento foi submetido à isquemia, através da ligadura da circulação mural e dos vasos mesentéricos por duas horas; em cinco pequenas áreas, com cerca de três por cinco centímetros, foi feita abrasão da serosa pela fricção 100 vezes de uma gaze seca e um ponto simples seromuscular de categute cromado foi aplicado no seu centro. Nos outros 14 animais (bloco II). o modelo adotado foi semelhante com pequenas modificações: ao invés de um segmento de isquemia foram criados quatro segmentos com 25cm de comprimento; a abrasão das cinco pequenas áreas foi feita com uma pinça Rochester aberta e não com uma gaze seca; a sutura seromuscular com categute aplicada no centro das áreas de abrasão foi uma linha contínua simples, com aproximadamente 2,5cm de comprimento e não um ponto simples. Os animais foram aleatoriamente divididos em dois grupos. Em dois animais do bloco I e sete animais do bloco II (grupo tratamento), antes da síntese da parede abdominal, foi instilada, na cavidade peritoneal, uma solução decmC a 7% na dose de 7 ml/kg. Nos outros nove animais (grupo controle) a parede foi suturada da mesma forma, mas nenhum medicamento foi aplicado na cavidade peritoneal. Os eqüinos foram examinados diariamente. Quatorze dias após a cirurgia, todos os animais sofreram eutanásia e foram submetidos à necropsia. Seis, dentre os nove animais do grupo controle e quatro, dentre os nove animais do grupo tratamento, desenvolveram aderências perítoneais. Não houve diferença significativa entre o número de animais com aderências nem entre o número ou o grau das aderências formadas nos dois grupos. Os animais do grupo tratamento não apresentaram qualquer sinal de toxicidade ou hipersensibilidade àcmC. Concluiu-se que a carboximetilcelulose não foi eficiente na prevenção de aderências peritoneais no intestino delgado de eqüinos induzidas por abrasão da serosa e isquemia. Concluiu-se também que esta droga não causou efeitos colaterais e não prejudicou a cicatrização do peritônio.
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