OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo a elaboração de guia para manejo e seguimento de crianças com episódios de possível ameaça a vida (ALTE) com enfoque especial ao diagnóstico diferencial deste evento com primeiro episódio de crise convulsiva. MÉTODOS: Através de revisão da literatura foi elaborado um consenso, entre os membros do comitê de Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) da Associação Latinoamericana de Pediatria (ALAPE), para orientação quanto ao manejo e investigação etiológica de pacientes com ALTE. RESULTADOS: A proposta de sistematização da investigação destes pacientes inicia definindo a gravidade do evento e estabelecendo a necessidade de internação ou seguimento ambulatorial. A pesquisa da etiologia deve ser realizada gradualmente sendo dividida em exames iniciais e exames específicos, que são aprofundados de acordo com as características clínicas do caso em questão. O manejo após alta hospitalar e a indicação de monitorização domiciliar devem ser individualizados e avaliados caso a caso. O ALTE pode ser a primeira manifestação de uma crise epiléptica ,entretanto, este diagnóstico algumas vezes é tardio, quando não é disponível EEG ictal. O EEG interictal, nestes casos, geralmente é normal e o refluxo gastroesofágico, distúrbio muito prevalente na infância, pode confundir o diagnóstico da manifestação epiléptica. CONCLUSÃO: O ALTE não deve ser considerado um diagnóstico etiológico, mas conjunto de sinais percebidos pelo observador que deve ser amplamente investigado. Apesar de pouco freqüente, a apnéia pode ser a única manifestação ictal de uma crise parcial. Esta possibilidade deve ser lembrada e excluída no diagnóstico diferencial da etiologia de ALTE. As orientações sugeridas neste artigo assim como o fluxograma de investigação apresentado podem auxiliar no manejo e seguimento dos pacientes com ALTE assim como resultar em redução do tempo e custo de internação destes pacientes.
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