Apresentamos aqui dados sobre a composição de espécies, o uso de hábitat e as estações reprodutivas dos anuros da floresta de restinga da Estação Ecológica Juréia-Itatins, sudeste do Brasil. Entre fevereiro e dezembro de 1993, foram realizadas visitas mensais à área de estudo, com permanência de três ou quatro dias, totalizando 28 dias de trabalhos de campo. Três poças pré-selecionadas foram investigadas diariamente entre 18:00 e 22:30 horas, quando foi estimado o número de machos vocalmente ativos nas agregações observadas, tentando-se localizá-los visualmente em seus substratos característicos de vocalização. A fauna é composta por 20 espécies, a maior riqueza já registrada em um ambiente de restinga do Brasil. De acordo com os critérios da IUCN, oito dessas espécies possuem populações em declínio, devido principalmente à perda de hábitat. Onze espécies apresentaram machos em atividade de vocalização e reprodução nas poças monitoradas mensalmente durante todo o período de estudo; a maioria dos hilídeos apresentou segregação vertical em seus sítios de vocalização sobre a vegetação marginal. Scinax hayii e S. littoralis foram consideradas de reprodução contínua, mas o período reprodutivo da maior parte das espécies mostrou-se associado à estação chuvosa. A alta riqueza de espécies observada na área e a indicação de declínios populacionais de algumas espécies em outras regiões sugerem que a região da Juréia apresenta uma grande relevância como área de preservação de anuros.
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