Introdução: A estenose cicatricial de vias biliares permanece uma complicação crítica de colecistectomias, com consequências devastadoras para o fígado e risco de morte. Objetivo: Avaliar os resultados a longo prazo da correção cirúrgica de lesão iatrogênica de vias biliares realizada em um único centro. Metodologia: Pacientes submetidos a correção cirúrgica de lesão iatrogênica de vias biliares entre 1990 e 2016 foram avaliados retrospectivamente. As informações foram coletadas dos prontuários e da base de dados eletrônica HCMED. Os resultados preliminares foram analisados pela comparação de frequências ou médias aritméticas com desvio-padrão dos parâmetros estudados. Resultados: Foram incluídos 158 casos no estudo, 81% mulheres e com idade média de 45,54 anos. Os sintomas mais frequentemente apresentados foram icterícia (em 79,11% dos casos), dor abdominal (59,49%), colúria (52,53%), acolia ou hipocolia fecal (47,47%), febre (44,3%), prurido (34,18%) e perda de peso (27,22%). A estenose de vias biliares foi secundária a colecistectomia convencional em 63,92% dos casos, a colecistectomia laparoscópica em 22,15%, e a colecistectomia não-especificada em 13,92%. Os pacientes foram divididos de acordo com o diagnóstico de estenose de via biliar (EVB), n=93 casos (58,86%), ou estenose de anastomose bilio-digestiva (EABD), n=65 casos (41,14%). No grupo EVB, níveis de bilirrubina, ALT, AST e GGT eram significativamente mais altos no pré-operatório que no pós-operatório. No grupo EABD, níveis de bilirrubina, AST e GGT eram significativamente mais altos no pré-operatório que no pós-operatório, entretanto não houve diferenças nos níveis de ALT. Recidiva da estenose ocorreu em 5 casos do grupo EVB, e em 7 casos do grupo EABD. A sobrevida no grupo EVB foi de 98,92% em 1 ano e 97,85% em 5 anos; e no grupo EVB, 98,64% e 95,38%, respectivamente. Conclusões: A correção cirúrgica de lesões complexas de vias biliares tem uma taxa de sucesso de 89,87% quando realizada em serviços de referência.