A partir de uma pesquisa etnográfica sobre acadêmicos indianos em ciências sociais que buscam construir uma carreira na Europa, propõe-se uma reflexão sobre os estudos pós-coloniais como espaço privilegiado de significação de trajetórias e de sentimentos de pertença. Mais precisamente, baseado em interlocuções de pesquisa com cerca de 20 acadêmicos indianos encontrados no Reino Unido, sugere-se que este campo de estudos é frequentemente apropriado por seus autores em movimentos de inscrição de si no interior de grandes narrativas históricas e imaginárias em torno das complexas circulações das quais esses sujeitos são parte constituinte. Para isso, recorre-se a uma articulação entre dados etnográficos (observação participante e entrevistas), análise de obras como práticas discursivas e controvérsias teóricas que, como se demonstra neste artigo, são o elemento central na compreensão da produção de sentimentos de pertença entre esses sujeitos, assim como na significação de suas próprias trajetórias. Desse modo, este artigo busca aportar elementos etnográficos para o debate sobre os estudos pós-coloniais.