Pretende-se, com este texto, traçar o percurso dos primeiros passos da afirmação da Arqueologia da Arquitectura no âmbito do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), instituição a quem cabe a missão de preservar, salvaguardar e valorizar o património arquitectónico nacional. De facto, é possível constatar que, infelizmente, o conhecimento e a aplicação desta disciplina não só no IPPAR como em Portugal não teve ainda a divulgação necessária. Podemos afirmar que esta situação resulta não só de um desconhecimento geral da disciplina, como da situação algo peculiar da falta de interesse da maioria dos arquitectos portugueses pelas matérias relacionadas com o restauro arquitectónico. Por outro lado, sendo a arqueologia portuguesa deficitária em profissionais que se dediquem ao estudo de períodos mais recentes e reforçando-se a tendência da arqueologia de salvamento em detrimento da arqueologia de investigação, é notória a falta de motivação e sobretudo de tempo e meios económicos disponíveis para avançar com estudos desta natureza. Apesar do IPPAR reflectir as dificuldades sentidas em termos nacionais, não podemos esquecer algumas iniciativas importantes bem como, o facto de ter sido graças à diligência das Direcções Regionais deste Instituto que se concretizaram os melhores trabalhos em Arqueologia da Arquitectura portugueses realizados no âmbito de vastos projectos de reabilitação de imóveis afectos. Sendo clara a noção de que a Arqueologia da Arquitectura é o instrumento de análise mais rigoroso quando se trata de registar a biografia de um edifício e que, tal como hoje já existe, no âmbito do IPPAR, a consciência clara que qualquer intervenção ao nível do subsolo deverá implicar sempre um registo arqueológico prévio, torna-se agora necessário criar uma nova rotina que obrigue a que sempre que se programe uma intervenção ao nível do edificado, esta seja sempre precedida de um registo rigoroso, pois de outra forma continuaremos a assistir ao desaparecimento de informações únicas e irrepetíveis e ao nascimento de projectos de reabilitação sem qualquer fundamentação séria.
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